Este certificado de Cidadania Honorária da Comunidade de Montese, Itália, foi dado aos veteranos da FEB - Força Expedicionária Brasileira - em reconhecimento a tomada da região que se encontrava dominada pelos nazistas.
Meu querido pai pouco nos falou da guerra; eu particularmente o conhecí Professor, cidadão dedicado a ensinar aos jovens noções de moral e civismo perdidas ao longo de tempo. Acredito que ele nunca precisou falar da guerra pois o cotidiano já era uma guerra muito mais importante.
Oficial do exército, ele transmitiu aos seus filhos o desejo de ver um país melhor. Estudamos em colégio militar, meus irmãos tornaram-se militares do Exército e Polícia Militar. Assim também o fiz ao ingressar na Escola Preparatória de Cadetes do Exército. Em 1989, ano que ele nos deixou, também resolví deixar a vida militar, e tornei-me médico.
Após 22 anos de saudade, vamos sim dedicar algum tempo para relembrar características desse velho homem que nos moldou.
Meu irmão, hoje Coronel, fotografou com a minha sobrinha (quase engenheira) diversos documentos e centenas de poesias. Sim, poesias ! Feitas por ele e dedicadas a minha mãe, seus amigos, parentes e ao nosso País. Em algumas ele flerta com a Bahia, em outras com Itapoan, bairro onde crescemos após a saída da Ribeira - reduto nos velhos Baianos que ainda nasciam na cidade baixa.
Crescí ouvindo falar de uma tal revolução militar de 64, que a depender de quem fale a chama de Golpe mesmo. Lembro-me muito dos comentários dos militares mais antigos a respeito disso: colocando bem claro que comunista merecia "chute no saco". Sempre achei essa parte um exagero; e no meio civil (ou paisano, como nos chamam os militares) aprendemos o quanto injusto foram os militares durante o periodo da ditadura que terminou nos anos 80.
Fico pensando o que diria meu velho pai ao assisitir a farra das indenizações aos "comunistas" combinada a luxúria dos que estão no poder. Lembro uma vez ele dizendo que os militares ficaram demais no poder; o que era pra ser um "freio de arrumação" acabou durante mais de 20 anos.
Naquele ano de partida, 1989, assistimos a eleição do Collor. Em seguida seu impeachment por causa de uma reforma na "casa da dinda" e umas outras coisas que nem lembramos mais. O escândalo do mensalão abafou da memória coletiva aqueles outros do passado. Sarney, do Maranhão miserável, continua o seu "honrado" serviço a nação.
Ontem, caiu a ditadura no Egito da qual nunca tinhamos ouvido falar - e olha que já trabalhei com Egipcio nos EUA. Onde já aceitaram Faraó, agora quem impera é o facebook.
Lá de cima, meu velho pai assiste isso tudo. Deve pensar : Quando será que sairemos novamente às ruas ? De caras pintadas, ou não. Vestindo verde-oliva ou vermelho russo, o que importa é que precisamos sim defender o nosso país contra as nossas ditaduras atuais, disfarçadas pela democracia de poucos.
E sabe o que a nossa ex-terrorista faria ? Chamaria os militares para defender o estado de direito democrático.
Oh pai querido, como é difícil ter opinião nessa sociedade distorcida de valores ... Mas não se preocupe, honramos os seus ensinamentos. Falar do Capitão João é assim : impossível não falar da política e do nosso Brasil que ele sempre defendeu.
As poesias ficam para uma próxima postagem.
Selva !
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